sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Santos comemora aniversário com um dos maiores instrumentistas do Brasil

O bandolinista Hamilton de Holanda se apresenta na sexta-feira, dia 28, às 20 horas, no Teatro Municipal. O músico será acompanhado por Daniel Santiago na guitarra e André Vasconcellos no baixo. A Realização é da Secretaria de Cultura e Clube do Choro de Santos. A produção é do Mannish Blog


Ele tem grande afinidade com a turma do choro, os sambistas não cansam de convidá-lo para suas rodas e os jazzistas enlouquecem com seus improvisos, mas a verdade é que sua música transcende as classificações. Músico extraordinário, Hamilton de Holanda é considerado um dos maiores instrumentistas do Brasil em todos esses gêneros.
Também é considerado unanimidade entre os grandes nomes da MPB e da música internacional, tendo tocado com João Bosco, Beth Carvalho, Maria Bethânia, Ivan Lins, Djavan, Richard Bona, Cesaria Evora e até John Paul Jones, ele mesmo, o baixista do Led Zeppelin.
A maior parte do ano, o músico viaja pelo mundo divulgando a verdadeira música brasileira, passando a maior parte de seu tempo em aviões e em quartos de hotel do que em sua própria casa. Tanto é verdade que essa situação rendeu algumas gravações que geraram o CD Íntimo, cujas faixas foram registradas em um gravador portátil entre uma locação e outra.
Hamilton não para de gravar, entre Destroçando a Macaxeira (1997) até Contínua Amizade (2007), são quinze Cds lançados. Agora, Hamilton vem a Santos para lançar seu mais recente trabalho, o CD Esperança, homenagem a dois grandes nomes da música instrumental brasileira e duas grandes influências: Hermeto Pascoal e Egberto Gismonti.
Biografia - Começou a tocar aos 5 anos e anos depois, ao adicionar duas cordas extras, 10 no total, reinventa o bandolim mundial e liberta o emblemático instrumento brasileiro do legado de algumas de suas influências e gêneros. Nos EUA a imprensa logo o rotulou de “Jimmy Hendrix do bandolim”.
Aos 34 anos, identifica-se nos solos deste brasiliense nascido no Rio de Janeiro, a assinatura Hamilton de Holanda. Sua maneira de tocar, o aumento do número de cordas e decibéis, aliados à velocidade de solos e improvisos, inspira uma nova geração e um novo som. Se é jazz, samba, rock, pop, lundu ou choro, não importa.
O Choro, que na infância e adolescência era a sua influência maior, a despeito dos puristas, transforma em mais uma das suas referências. “Me perguntam se o que faço é o novo Choro. Novo Choro? Não entendo, deve ser talvez porque toco bandolim. O Choro é que nem a Monaliza. Você acha que ela precisa de retoques? Não ! O choro também é assim, está eternizado pela arte maravilhosa de músicos como Luperce, Jacob e Pixinguinha. Perpetuada a tradição, não se precisa de mais nada, apenas apreciar. O que eu faço, na verdade, é uma síntese dessas informações com influência do Choro, Bossa, Jazz, Rock, Som da Cotidiano…É uma música que não precisa de rótulos para existir, mas precisa sim é ser bela.” diz Hamilton.
Em sua trajetória consta o prêmio de melhor instrumentista por unanimidade, na edição única nas duas categorias - erudito e popular, do Icatu Hartford de Artes 2001, permitindo-lhe viver em Paris por um período de um ano, dando asas internacionais ao seu trabalho.
Conquistou com “1 byte 10 cordas”, primeiro CD de bandolim de 10 cordas solo do mundo, o restrito título CHOC da mais importante publicação européia de música “Le Monde de la Musique”. Hamilton carinhosamente recebeu da imprensa francesa o título de "Príncipe do Bandolim", da Brasileira – Revista Bravo – “Rei” e de nomes como Hermeto, Maria Bethania, Djavan, Ivan Lins e João Bosco, citações como "Um dos melhores músicos do mundo".
Fez os shows oficiais da abertura das comemorações do ano do Brasil na França; da cerimônia de abertura dos jogos para-panamericanos, da abertura oficial do centenário da imigração japonesa no Brasil e da festa de gala do lançamento da campanha RIO2016 para sede das Olimpiadas. Foi duas vezes indicado para o Latin Grammy em 2007/2008 como: melhor disco instrumental “Brasilianos” e melhor album de jazz “Brasilianos 2”. O Hamilton de Holanda Quinteto também foi consagrado pelo prêmio TIM e Revista Jazz+ como o melhor grupo e Hamilton de Holanda o melhor performer.

Realização: Secretaria de Cultura de Santos e Clube do Choro
Produção: Mannish Blog

Serviço:
Hamilton de Holanda Trio
Local: Teatro Municipal de Santos
Data: sexta-feira, 28 de janeiro
Horário: 20 horas
Endereço: Av. Pinheiro Machado, 48
Preço: Grátis
OBS: os ingressos devem ser retirados uma hora antes do espetáculo

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Acompanhado de super banda, Ari Borger faz show gratuito em Santos

Um dos maiores pianistas de blues do Brasil vem a Santos para lançar seu mais recente trabalho, o CD Backyard Jam. A banda é composta por figurinhas carimbadas do blues brasileiro: o guitarrista Celso Salim, o baterista Beto Ziegler e o baixista Marcos Klis. Imperdível.


O show acontece na quarta-feira, dia 26 de janeiro, às 18 horas, no Sesc Santos. Além das músicas do seu álbum recém-lançado, Backyard Jam, o show contará com composições inéditas que entrarão no álbum que o grupo gravará em 2012.
Aclamado como um dos melhores tecladistas de blues do Brasil, Sua música é mercada por diversas correntes musicais, num mix incendiário de soul, jazz, funk, blues e música brasileira.
Seja em composições próprias ou em releituras, o resultado vem repleto de feeling e personalidade, resultando em uma verdadeira viagem musical.
A AB4, como é chamada sua banda, é composta por quatro figuras conhecidíssimas no mundo do blues: Celso Salim, excelente guitarrista que também investe em carreira solo com o ótimo CD Big City Blues; o baixista Marcos Klis, egresso da Prado Blues Band e Beto Ziegler, figura constante em shows em Santos, um deles foi o do guitarrista Kenny Brown nas duas ocasiões que esteve em Santos, com produção do Mannish Blog.
Biografia Ari Borger é um dos mais talentosos pianistas e organistas de sua geração. Com mais de 20 anos de estrada, é considerado pela crítica e público o principal nome do país quando o assunto é piano ou órgão hammond. Seu trabalho já recebeu elogios dos veículos de mídia mais respeitados do Brasil e do exterior como Caderno 2(Estado de São Paulo), Revistas Veja, Bravo, Rolling Stone, Real Blues(U.S.A.) e Blues Revue.
Seu disco de estréia, Blues da Garantia, gravado em New Orleans, onde morou, conta com canções de sua autoria, alguns clássicos do gênero e a participação de músicos da cena local, como Jack Cole e Ivone Williams, além de Herbert Vianna, que batiza a faixa que dá nome ao disco e participa do disco com sua voz e guitarra.
O segundo CD, AB4, trafega com desenvoltura entre o blues e o jazz, em uma roupagem mais moderna recheada de grooves com influências que passam, além dos pianistas de blues das décadas de 50 e 60, também por Miles Davis e Wilson Simonal.

Serviço:

Show: Ari Borger Quartet
Data: 26 de janeiro
Local: Sesc Santos
Horário: 18 horas
Endereço: rua Conselheiro Ribas, 136 – Aparecida – Santos.
Ingresso: Grátis

sábado, 15 de janeiro de 2011

Adam Gussow, da dupla de blues de New York Satan e Adam, concede entrevista bacana e exclusiva ao Mannish Blog

Texto: Eugênio Martins Jr
Fotos: Arquivo Adam Gussow

Blind Lemon Jefferson e Leadbelly; Leroy Carr e Scrapper Blackwell; Sonny Terry e Brownie McGhee; Buddy Guy e Junior Wells: todas essas duplas lendárias são responsáveis por criar ou manter as mais fortes tradições do blues.
Nos anos oitenta, no Harlen, bairro não menos lendário de New York, a maior cidade americana, Sterling Magee e Adam Gussow criaram a dupla Satan e Adam, começando uma das histórias mais fascinantes do blues.
Desde 1986 Satan e Adam se apresentavam regularmente nas calçadas, seja no verão ou no inverno congelante do hemisfério norte. Além de clássicos do blues, interpretavam temas próprios.
Uma dupla improvável. Satan era um veterano do blues, já havia acompanhado grandes nomes como King Curtis, James Brown e Etta James. Após a morte da esposa, no final dos anos 70, perambulou pela Flórida, Porto Rico, Mississippi até estacar no Harlem.
Gussow era um jovem de faculdade, estudara em inglês em Princeton e na Universidade de Columbia, duas das mais prestigiosas do país.  
Tocavam nas ruas da grande cidade recolhendo gorjetas em um balde, mesmo depois de ficarem conhecidos no mundo inteiro. Com o reconhecimento vieram os convites para tocar em festivais e clubes. Continuaram na rua, tornando-se parte da história da cidade, e porque não dizer, do blues.
Em 1987, quando estavam gravando o filme Rattle And Hum, Bono Vox e The Edge, depararam com a dupla na calçada de 125th Street, no Harlem. Em meio aos pedestres, o cantor e o guitarrista da banda irlandesa puderam presenciar a força do blues na performance de Satan e Adam, com Freedom For My People.
Adam dedica a vida ao blues. É professor de literatura americana, afro americana, cultura sulista e blues na Universidade do Mississippi, além de tocar em festivais ao redor do país. Mantém o site www.modernbluesharmonica.com/home.html







Eugênio Martins Jr – Além de tocar gaita, você ensina literatura e cultura americanas na Universidade do Mississippi, onde é editada a revista Living Blues, uma das melhores do Gênero. Como concilia a música, ensinar e escrever?
Adam Gussow – Escrevi apenas uma vez para a Living Blues, foi uma entrevista com  Michael Hill, um guitarrista e cantor do Broklyn, amigo meu dos tempos de New York. Mas nos dia a dia tenho pouco a ver com Living Blues. Quando mudei de New York para Oxford, Mississippi, organizei por três vezes consecutivas o Blues Today, simpósio patrocinado pela Living Blues. Os eventos uniram todas as pessoas ligadas ao blues, como músicos, jornalistas, DJs, donos de lojas de discos, poetas e um monte de gente. A resposta para a sua pergunta é que criei um jeito de fazer meu "dia de tocar" na Universidade do Mississippi que me serve de várias formas. Outra resposta para sua pergunta é que eu sempre trabalho duro e sempre me divertindo. Essa semana estou terminando meu primeiro vídeo musical, uma versão de Crossroads Blues, direto do Delta; começei a reunir temas gravados no segundo trimestre do ano passado para um novo álbum de Satan e Adam; estou voltando a escrever meu novo e grande livro sobre o demônio e o blues e ainda estou tentando arrumar alguns shows para o próximo verão.     

EM – O que você procura passar aos seus alunos. Quero dizer, com relação à importância do blues para a cultura americana?
AG – Como fenômeno cultural, o blues é fascinante. Ele entrelaça todas as formas da cultura americana. É uma forma de arte nativa - arte folclórica - que pode ser transformada e entendida como literatura; é uma música racial (black music), mas através do século tornou-se universal, tocada, e tocada bem, por pessoas de muitos países e grupos étnicos. É profundamente associada aos maus tratos impostos aos negros nos Estados Unidos, especialmente no sul. Porém, não é música dos escravos, nem poderia, na verdade, com todas as mudanças, sustentou-se como forma de confrontar a escravidão no sul. Atualmente, o blues tornou-se a fundação da pré-pósmodernidade: o mais honesto e autêntico meio de vida. Para os negros que fazem a música atualmente, que estão por aí desde os anos 20 até os 50, pessoas da época de Robert Johnson e B.B. King, o blues não é uma música dos velhos tempos, mas também não de essência moderna, nova, trata-se de uma recriação de si própria a partir dos problemas raciais passados no sul e nos estados do norte onde foram parar muitos deles. O blues faz parte profundamente da cultura americana.                 

EM – Acho a história de vocês é uma das mais fascinantes do blues, como foi seu primeiro encontro com Satan e como começou a parceria lendária? Como foi o primeiro contato?
AG – Conheci Satan (Sterling Magee) na primavera de 1986 quando estava dirigindo pelo Harlem, coração da New York negra. Eu parei, olhei para ele e decidi voltar no dia seguinte com minhas gaitas e meu amplificador. E foi o que fiz. Ele me deixou tocar com ele. Após tocarmos a primeira música , um monte de gente colocou dinheiro no seu balde de gorjetas. Foi assim que nossa parceria começou. Nós continuamos tocar juntos ocasionalmente e nós tocariamos juntos em maio de 2011 em um evento que estou organizando aqui no Mississippi, o Hill Country Harmonica.   

EM – Para mim Satan era um verdadeiro personagem da grande cidade de New York. Um verdadeiro cantador de rua, como Blind Lemon Jefferson, Charley Patton e Leadbelly costumavam fazer no passado? Como era a convivência com ele?
AG - Ele era um músico muito, muito poderoso naqueles dias e foi muito generoso comigo. Ele gostou de me ouvir tocar e permitiu que me tornasse seu acompanhante fixo. Eramos dois loucos. Preferíamos tocar congelando, literalmente congelando, com a temperatura a 32 graus do que em algum clube enfumaçado. Tocavamos alto e o tempo que quisesemos e não havia nenhum dono de clube nos dizendo o que fazer.
EM – Como Sterling Magee, Satan tocou com King Curtis, Marvin Gaye, Etta James e outros. Ele costumava te contar as histórias da Estrada com esses caras?
AG - Sim, Sterling teve uma longa carreira no show business antes de nos juntarmos. E quando nós costumávamos viajar para longe para tocar, duas, três, quatro, às vezes oito horas, ele costumava me contar as histórias da vida na estrada. Ele costumava falar sobre King Curtis, ele amava sua música, mas dizia que Curtis era grosso e desrespeitoso com as mulheres. Aparentemente, Curtis foi baleado na porta da frente de seu prórpio apartamento por ter sido rude com rapaz que o havia abordado. O cara estava armado e atirou nele. Sterling me ensinou como me tornar um músico profissional. Ele me dizia: "Não fique bagunçando com a mulherada quando estiver na estrada. Você pode estar mexendo com uma mulher comprometida e da próxima vez que você for àquela cidade, alguém pode estar te esperando para te matar. Sterling dava o melhor de si em cada show. Naquela época ele sentiu que quase emplacou um sucesso, foi no selo Tangerine, de Ray Charles, ele reclamou seus direitos, mas Ray, que ra ciumento e controlador abafou o caso.     

EM – Assisti ao filme do U2 nos anos 80 e não tinha idéia de quem eram vocês. O que mudou depois de ter aparecido por alguns segundos para milhões de pessoas ao redor do mundo? Par mim, New York sempre esteve associada a uma forte cena jazzística?
AG - Como você mesmo disse, Sterling e eu aparecemos muito brvemente em Rattle and Hum, tocamos por 38 segundos narua e Bono e The Edge pararam par nos ver. Não acredito que iso tenha tido algum efeito em nossa carreira. Tenho o sentimento de que aquilo nos deu um pequeno "zumbido", mas a maior parte dos ouvintes do U2 é muito diferente dos ouvintes de blues.
EM – Baseado na música do Buddy Guy: “First Time I Meet the Blues”, sempre faço essa pergunta aos músicos: Quando foi a primeira vez que ouviu o blues?
AG - Meu pai colecionava discos de jazz, velhos discos de 78 rotações, quando tinha uns13 ou 14 anos peguei alguns deles, especialmente gravações com piano boogie woogie, levei para meu quarto no andar de cime e costumava tocá-los sempre. Alguns anos depois me apaixonei por Whammer Jammer, da G. Geils Band, com sua batida rápida de boogie woogie, adcionada por uma harmonica. Aquilo foi arrebatador.

EM – Como você vê a cena blueseira nos Estados Unidos hoje?
AG Acho que está bem ativa, mas é difícil viver apenas tocando em clubes, porque há poucos lugares, é mais fácil arrumar "gigs" em festivais. Há, literalmente, mais de uma duzia de festivais no Mississippi atualmente. O público de blues nos Estados Unidos é essencialmente formada por brancos e uma minoria de hispânicos e asiáticos. A cena é ancorada pelos músicos negros mais antigos, gente de valor como: Honeyboy Edwards no topo, B.B. King e Taj Mahal no meio e Billy Branch e Sugar Blues na base, mas sempre no espectro dos mais antigos. Mas há um público de número significante aqui no sudeste, desde mMemphis a New Orleans, até Dallas a Atlanta. Mas reconheço que os artistas que são estrelas na cena blues, entre eles Marvin Sease, Willie Clayton, Theodis Ealey, são totalmente desconhecidos como os da corrente principal, como Buddy Guy, Keb Mo, Kim Wilson, Rod Piazza, B.B. King e Jason Ricci que são os cabeças.     

EM – Você sabia que o Brasil tem uma cena com diversas bandas e músicos de blues? Você conhece gaitistas brasileiros?
AG - Tenho visto vários gaitistas brasileiros no Youtube e fico impressionado com suas performances, mas infelizmente não lembro dos nomes agora. Quando penso em música brasileira, penso primeiro em samba e bossa nova. Há muitos anos em New York eu costumava ir a um clube chamado S.O.B's (Sounds of Brazil). Vi grandes músicos ali, especialmente grupos de samba. 

EM – Essa é para os gaitistas: Qual equipamento que você usa no palco?
AG - Nos útimos 25 anos tenho usado o mesmo microfone, um Shure PE5-H, que comprei na Mat Umanov, uma loja de guitarras no Greenwich Village. Naquele tempo eu o plugava em um pedal digital Delay Boss DD-3. Ele me dava um som rasgado porém passivo em dois amplificadores. Sempre usei dois deles. Com o passar do tempo aprendi a forjar meu som através de dois pequenos amps: 5-10 watts no máximo. No meu álbum solo, Kick And Stomp, uso dois amps do começo dos anos 60: um Premier Twin-8 e um Kay 703. Quando fui a Europa em dezembro levei um HarpGear 2, um maravilhoso equipamento, altamente recomendável; e usei emprestado um Masco MU-5 de 1954, um amp raro usado às vezes pelo Little Walter. Eu acho fantástico o som de dois amplificadores. Quando toco em grandes palcos ao ar livre, uso um Gibson Maestro 4X8" (quatro alto falantes de oito polegadas) que troquei por um dos pequenos amps. A chave é: todos os meus amplificadores favoritos tem alto falantes de oito polegadas. Gosto dos pequenos amplificadores, combinados com o microfone Shure. Um microfone limpo com dois velhos e pequenos amps. Faço mais ou menos como Little Walter costumava fazer. Ele usava um Masco PA com falantes super sensíveis nos clubes. Amplificadores pequenos são a melhor coisa. Mas você tem de plugar o microfone no sistema de PA senão eles não soam forte o bastante. Uma vex que você fizer isso terá um lindo som que será mais fácil de controlar que um grande amplificador 4X10". Bem, é isso que eu acho.

See interview in english:

EM – You play harp and teach american literature e culture in the Mississippi University, where Living Blues Magazine are edited. Do you write on Living Blues too? How do you conciliate both, music, teaching and writing?
AG - I've only written one piece for Living Blues over the years:  an interview with Michael Hill (of Michael Hill and the Blues Mob), a Brooklyn-based guitarist/singer who was a friend of mine back in New York.  But on a day-to-day basis, I have little to do with Living Blues.  When I first moved from New York City to Oxford, Mississippi, though, I organized three consecutive "Blues Today" symposia that were co-sponsored by Living Blues.  They brought together a wide array of blues people:  musicians, writers, DJs, record store owners, poets, the whole thing.  So one answer to your question is, I've found a way of making my "day gig" at the University of Mississippi serve my multiple interests!  The other answer to your question is:  I work hard, and I'm always distracted!  Just this week I'm finishing up my first music video--a version of "Crossroads Blues" set in the Delta; I'm starting to assemble the new Satan and Adam album out of recordings made last spring; I'm getting back to work on my big new book about the devil and the blues; and I'm trying to scare up some gigs for this summer.

EM – What you try to teach to students? I mean, how important are the blues music for the identity of american culture? 
AG - As a cultural phenomenon, the blues are endlessly fascinating.  They're enmeshed in so many different dialogues within American culture.  They're a vernacular American art--a folk art--that has been translated and transformed into literature; they're a racial music (black music) that has, over the course of a century, become a world music, played (and played well) by people from many countries and many ethnic backgrounds; they're deeply connected with a history of the mistreatment of African American people in America, especially in the South, but they NOT the music of slavery and could, in fact, only have sprung into being in the changed circumstances confronted by FORMER slaves in the South.  These days, in our postmodern moment, the blues have become a touchstone of pre-postmodernity:  a way of marking an older, earlier, sweatier, more honest and authentic way of life.  Yet for the black folk who actually made the music, from the 1920s through the 1950s, people ranging from Robert Johnson to B. B. King, the blues were NOT "old time" music, but instead a way of being modern, a way of being fresh and new, a way of recreating oneself within the troubled freedom that the Jim Crowed south and the urban north offered black people.  The blues are deeply a part of American culture.

EM – I think the history of your partnership with Satan are one of the most amazing to the blues.  How did you know Satan and how start the legendary partnership? How was the first contact?
AG - I first met Mr. Satan (Sterling Magee) in the fall of 1986 when I was driving through Harlem, the heart of "black New York."  I stopped, watched him and decided to come back the next day with my harmonicas and my amp.  I did that.  He let me play with him.  The moment we finished jamming on the first song, a lot of people ran up and threw money into his tip bucket!  That's how our partnership started.  We still occasionally play together and we WILL be playing together on May 20 and 21 of this year at an event that I organize here in Mississippi, "Hill Country Harmonica."

EM - To me, Satan was an autentic musician and genuine character of the big city of New York. A real street performer like the traditional Blind Lemon Jefferson, Charley Patton, Leadbelly e others used to do in the past. How was your companionship with him?
AG - He was a very, very powerful musician, back in those days, but he was very generous to me.  He enjoyed my playing and allowed me to become his steady accompanist.  We were both crazy!  We would rather play on the street in freezing weather--literally freezing, 32 degrees!--than in a smoky club.  We played loud and long and no clubowner told us to turn down.

EM – As Sterling Magee, Satan play with King Curtis, Marvin Gaye, Etta James and others as a sideman. They use to tell you the road history’s from the past?
AG - Yes, Sterling had a long career in showbusiness before he and I hooked up.  And when we started to drive long distances to gigs--two, three, four, even eight hours--he started to tell me stories about the road life.  He would talk about King Curtis; he loved Curtis's sound but thought that Curtis was vulgar (talking dirty to women) and disrespectful.  Curtis apparently got shot on the front steps of his own apartment building because he was rude to a guy who accosted him, and the guy had a gun and shot him.  Sterling really taught me HOW to be a professional musician.  He said, "Don't mess around with any women when you're on the road.  You might mess around with a woman who belongs to a man, and next time you're in town, that man might try to kill you."  Sterling also played his best, every single gig.  Sterling did feel that he ALMOST had a hit record, early on, but it was on Ray Charles's Tangerine label and, he claimed, Ray was jealous and managed to stifle it.

EM - I saw the U2 movie, back in the 80’s, and don’t have notion who do you are. What change after to appear a few seconds to thousands of people around the world? I mean, to me New York always associated with a very strong jazz scene?
AG - Sterling and I, as you note, were shown very briefly in RATTLE AND HUM; we were playing for 38 seconds on the street and Bono and The Edge pause and watch us.  I don't really know what effect that had on our career.  My feeling is that it gave us a little "buzz," early on, but for the most part the U2 audience and the blues audience were very different audiences.

EM – Like Buddy Guy’s song: “First Time I Meet the Blues”, I always do the same question to the musicians: How was the first time you meet the blues?
AG - Well, my father collected jazz records, old 78 rpm discs, and when I was 13 or 14, I took a whole bunch of them, especially boogie-woogie piano records, to my room downstairs and played them constantly.  A couple of years later I heart "Whammer Jammer" by the J. Geils Band and that fast boogie-woogie beat, plus the great harmonica, grabbed me.  I bought my first harmonica.  A few months later I got my first girlfriend, and a few months after that she told me "We're through" on the night that I took her to a concert where James Cotton was opening for the J. Geils Band.  THAT, my friend, was the night I really met the blues!

EM – How do you see the United States blues scene today?
AG - I think it's still pretty active, but it's harder to make a living playing clubs--there are fewer clubs--and perhaps easier to find gigs at festivals.  There are literally dozens of blues festivals in Mississippi these days.  As you might expect, the blues audience in the US is primarily non-black (white folks, but also a fair sprinkling of hispanic and asian and native peoples).  The scene is anchored, by older black musicians, several generations' worth:  Honeyboy Edwards on the upper end, B. B. King and Taj Mahal in the middle, and Billy Branch and Sugar Blue on the lower end of the "old guys" spectrum.  But there's also a significant black audience for the blues here in the mid-South:  from Memphis down to New Orleans, from Dallas east to Atlanta.  The blues artists who are stars in that black blues scene--Marvin Sease, Willie Clayton, Theodis Ealey--are barely acknowledged by the "mainstream" blues scene, where artists like Buddy Guy, Keb' Mo', Kim Wilson, Rod Piazza, B. B. King, and Jason Ricci are the headliners.

EM – Brasil got a strong blues scene with many bands and artists, and many festivals too, do you know that? Do you know brasilian harp players? 
AG - I've come across a handful of Brazilian blues harmonica players on YouTube, and I'm always impressed by their performances, but I'm afraid that I can't immediately list any names.  When I think "Brazilian music," I tend to think first of music such as samba and bossa nova.  Many years ago in New York City I used to go to a club called S.O.B's:  Sounds of Brazil.  I saw lots of great Brazilian music there, especially the samba bands.

EM – This is for harp players: “Which equipment do you play on stage?
AG - For the past 25 years, I've used the same mic:  a Shure PE5-H dynamic mic that I bought at Matt Umanov, a guitar store in Greenwich Village.  These days I plug that mic into a Boss DD-3 digital delay pedal.  I run a passive (unpowered) signal splitter out of the delay into a pair of amps.  I always use two amps.  I've learned, over time, that I get "my" sound through a pair of smaller tube amps:  5-10 watts at maximum.  On my solo album, KICK AND STOMP, I used two early 1960s's amps:  a Premier Twin-8 and a Kay 703.  When I played in Europe this December, I brought along a HarpGear 2 (a wonderful new amp that I recommend highly) and I borrowed a 1954 Masco MU-5, a rare amp that Little Walter sometimes used.  I got a fantastic sound out of that pair of amps!  When I play bigger outdoor stages, I have a Gibson Maestro with a 4 x 8" configuration that I swap in for one of the smaller amps.  The key thing:  ALL my favorite amps have 8" speakers.  I like small tube amps in combination with the Shure mic:  a clean mic and small old tube amps. 
It turns out that I'm doing more or less what Little Walter did.  He used a Masco PA amp and strung a few small speakers up in clubs.  Small amps are the way to go!  But you have to mic them through the PA system, or they're not loud enough.  Once you do that, you've got a huge sound that is much easier to manage than the sound through a big 4 x 10" cabinet.  Or at least that's my feeling!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

James Wheeler, Igor Prado Band e Donny Nichilo trouxeram a Santos o verdadeiro som de Chicago


Texto: Eugênio Martins Júnior
Fotos: Sérgio Cladera

Mais uma entrevista que publico com quase um ano de atraso. Mas para os verdadeiros amantes do bom e velho blues não faz diferença. O importante é ouvir e ler tudo a respeito sobre esse gênero musical que nasceu no sul dos Estados Unidos há mais de cem anos e acabou se espalhando pelo mundo.
Para nossa sorte, o blues chegou no Brasil pra ficar. Há uns 20 anos inúmeros artistas do gênero passaram pelo país e uma pá de bandas e artistas brasileiros seguem a trilha deixada por eles, fazendo às vezes o caminho de volta.
É o caso do Big Gilson, Big Joe Manfra, Ivan Marcio, Igor Prado e tantos outros que vivem tocando lá na gringa e trazendo os caras para tocar aqui.
Um verdadeiro expoente do gênero, que costumamos chamar de bluesman, James Wheeler, tocou em Santos em 27 de fevereiro de 2010, acompanhado pela Igor Prado Band e Donny Nichilo (teclados) em casa lotada. A entrevista aconteceu nesse dia. Dois meses depois, fiquei sabendo pelo Igor Prado que  Wheeler havia sofrido um acidente vascular cerebral, que o impediu de tocar sua guitarra.
A produção do show ficou por conta de Mannish Blog, Agência Urbana e Thiago Krieck. As fotos dessa matéria são do dia do show. Veja as imagens: http://www.flickr.com/photos/mannishblog/sets/72157624311409619/

EM - Sempre começo com a mesma pergunta que é inspirada em uma música do Buddy Guy: Quando foi a primeira vez que você ouviu blues?
JW – A primeira vez foi quando meu irmão me levou a Chicago. Eu tinha 19 anos, foi em um clube onde tocavam Howlin' Wolf e Freddie King. Freddie King foi o primeiro guitarrista que ouvi e pensei que queria tocar igual, mas naquela época eu nem sabia tocar. Foi em 1956.

EM – Qual foi sua primeira impressão de chegar a uma cidade grande como Chicago?
JW – Tudo era muito excitante. Eu vim de uma cidade pequena do sul, estava estacionado e nunca havia pensado em sair de lá. Eu não tinha motivos para sair de lá e de repente me vi em um lugar como Chicago, um outro mundo.

EM – Como era a cena blueseira no famoso lado oeste de Chicago?
JW – Era boa, mas eu era do lado sul de Chicago. De vez em quando eu e meu irmão íamos à casa de amigos para tocar guitarra e harmônica. Aprendi tocar com uma dupla de amigos de meu irmão, Willie Black e Eddie King. Costumávamos tocar juntos por horas, você sabe, eu estava começando.

EM – Você chegou a tocar com nomes consagrados como Otis Rush, Billy Boy Arnold e outros. Hoje você é considerado como um desses autênticos representantes do som de Chicago, fale um pouco sobre isso.
JW – No começo toquei com o grande J.B. Lenoir. Quando fui convidado por Otis Rush já tocava há um bom tempo, foi em 1986. Nessa época tinha um empresário que me colocou para tocar com grandes nomes. Ele era um dono de clube e tinha também um programa de rádio que divulgava todos os músicos. Era uma casa de show das grandes. Então quando toquei com Otis Rush, um grande ídolo, foi demais. Precisavam de um guitarrista para acompanhá-lo em um final de semana no Kingston Mines e começaram ligar para todo mundo e acabaram ligando para mim. O que era para durar um final de semana acabou levando seis anos. Bons tempos.


EM – Nos anos sessenta J.B. Lenoir fazia músicas de protesto contra o governo e contra a guerra do Vietnã. Você tocou com ele nessa época.?
JW – Não, foi antes disso. Acompanhei-o três ou quatro vezes, ele não vivia em Chicago, viajava por várias cidades. Nessa época ele não fazia as canções de protesto e eu toca nos clubes de blues como Bonanza Club. Fiquei nisso uns 14 meses.

EM – Estamos em 2010 e ele que já viveu décadas no blues toca hoje com uma banda de jovens músicos brasileiros. O que acha disso? O que você pode dizer sobre a cena de blues brasileira?
JW – Minha opinião é que esses caras tentam fazer hoje o que fazíamos há muito tempo. E é muito diferente dos caras que fazem blues-rock. Esses caras estão tentando fazer a coisa real. É muito divertido tocar com eles. Começamos a tocar e não sabemos onde vamos parar. Deixamos a música fluir e quando vemos estamos juntos de novo. O que mais posso dizer, é muito divertido.

EM – Como você vê a cena de blues nos Estados Unidos atualmente?
JW – Atualmente há o blues rock e caras como eu e meus amigos ficamos no tempo. Somos como os dinossauros. A coisa está morrendo. As pessoas não escutam mais, porque blues fala sobre experiências de vida. Um dia na vida, situações que você pode passar, tudo pode se tornar um blues. E as pessoas estão se afastando do som que fazemos.

EM – Como um verdadeiro bluesman, gostaria que falasse sobre a importância dessa música para a cultura norte americana?
JW – O jazz continua se desenvolvendo, não é como era antes, claro, nada é como era antes. Mas o blues, não creio que traremos de volta no tempo, como costuma ser nos anos 50 ou 60. Não acho que o verdadeiro sentimento do blues será resgatado.