quinta-feira, 24 de novembro de 2016

A morte do Antoninho Navalhada

Por Eugênio Martins Júnior

Branco, forte e valentão,
Navalhada estivador
Temido e respeitado
E bom atirador

Pau de fogo na cintura
Curto de pavio
Traição e malícia
Espreitam no porão do navio

O outro não ficava atrás
Conhecido por Simião
Moreno e parrudo
E com disposição

Qualquer dia o destino
Os colocaria frente a frente
No costado do CAIS santista
Tava sobrando valente

Como a arenga começou
Na estiva ninguém sabe ao certo
O trabalho era escolhido na fé
E Navalhada era metido a esperto

Simião era boxeador
Dizem, estava com a verdade
Mas sabia que mexer com o Navalha
Era irresponsabilidade

Não valia facilitar
Havia sido avisado
Passou a andar armado
E olhando para os lados

Foi no armazém quinze
Onde o encontro aconteceu
O tiroteio começou
Quando o dia amanheceu

Navalhada trairagem
Baleou o Simião
Acertou ele na perna
Derrubando o valente no chão

Quando se aproximou
Pro tiro de misericórdia
Foi pego de surpresa
E Simião matou a discórdia

Acertou Toninho na barriga
Que virou pra correr
Levou mais uma nas costas
E sentiu que ia morrer

Simião não foi em cana
Não tinha culpa nenhuma
E no CAIS ninguém sabe de nada
Muita gente e pouca testemunha

Valentão é valentão
Todos têm a sua história
Mas aqui no cais do porto
Também têm a sua hora

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